Tolerância ou empatia?
Redação
Atualmente, impera a globalização da mentalidade tabloide, cuja ideologia principal é não ter qualquer ideologia, apenas a voragem da ignorância e do ressentimento.
Marilia Fiorillo -
Vivemos na era da pós-verdade, como bem definiu o Dicionário Oxford para 2016. A palavra foi eleita, pois “denota circunstâncias nas quais fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e à crença pessoal”. O aceno de uma Nova Desordem Mundial se pauta pelo avanço da extrema-direita, racismo, xenofobia, homofobia, novos fascismos que precisam de uma pós-nomenclatura.
No novo caos, um triunfo, porém, já é irreversível: o do marketing da dissonância cognitiva (termo criado por um professor da New School for Social Research de Nova York, Leon Festinger), isto é, o recurso sistemático à negação de evidências, para não frustrar as crenças. A cidadania pós-moderna tornou-se uma estilização dos três macaquinhos chineses: não vejo, não ouço…mas falo insensata e destemperadamente.
É a globalização da mentalidade tabloide, cuja ideologia principal é não ter qualquer ideologia, apenas a voragem da ignorância e do ressentimento. A Nova Desordem Mundial gera não só ansiedade, mas uma perplexidade teórica, um vácuo que os antigos conceitos da filosofia política parecem não preencher. Seria a derrota final da utopia de um mundo mais justo e igualitário, a ser substituída, a médio prazo, pela apatia generalizada, após um interregno de convulsões?