O que pode o lúdico no enfrentamento da violência contra a mulher?
Redação
Entre as muitas maneiras de subsumir a fluidez de sentidos propiciadas pelo lúdico, sobressaem aquelas que o concebem como mero instrumento educativo, tal qual os jogos sérios, sisudamente contidos pelas evidências científicas. Ao limitar a descontração irreverente do lúdico aos ditames do “sério”, as produções científicas hegemônicas disciplinam o que há de mais interessante no jogo: o seu caráter autônomo, espontâneo, ambíguo e incerto.
Maria Raquel Gomes Maia Pires
As estatísticas da violência contra a mulher e do feminicídio no Brasil são alarmantes, especialmente entre as negras, pobres e de baixa escolaridade. Nos noticiários, nas pesquisas e em produções diversas se constata a magnitude das atrocidades cometidas.
Sabidamente os homens e os parceiros íntimos são os principais agressores, revelando traços crus da violência doméstica que temos de enfrentar. A impunidade dos crimes contra as mulheres deixa marcas indeléveis, a despeito dos avanços trazidos pela Lei Maria da Penha. Ressoa aqui, acolá e em casos semelhantes a inquietante pergunta: quem matou Marielle Franco?
Não bastassem as violências visíveis, o machismo, o sexismo, a homofobia e o recrudescimento do conservadorismo na cena política brasileira acentuam as opressões invisíveis na sociedade, como aquelas baseadas na condição de gênero, interseccionadas pela raça e pela classe social. A naturalização de práticas discursivas autoritárias, regidas por c...