2007–2037: o metano entra em cena
Redação
Luiz Marques é professor livre-docente do Departamento de História do IFCH /Unicamp. Pela editora da Unicamp, publicou Giorgio Vasari, Vida de Michelangelo (1568), 2011 e Capitalismo e Colapso ambiental, 2015, 2a edição, 2016. Coordena a coleção Palavra da Arte, dedicada às fontes da historiografia artística, e participa com outros colegas do coletivo Crisálida, Crises Socioambientais Labor Interdisciplinar Debate & Atualização (crisalida.eco.br) – Publicado originalmente no Jornal da Unicamp.
Luís Marques -
?Ondas letais de calor já antes do verão: 51,1º C no Paquistão em 27 de maio; 56º C no Irã em 4 de junho; em 16 de junho, 43º C em Portugal, favorecendo um dos mais mortíferos incêndios florestais europeus dos registros históricos. Em 19 de junho, 49º C em Oklahoma, nos EUA, impedindo aviões de menor porte de voar. Temperaturas extremas tornam-se mais extremas, prováveis, frequentes e adversas à vida vegetal e animal em latitudes crescentes do planeta à medida que se adensam as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa (GEE).
Depois do dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) é a personagem mais destacada na trama das mudanças climáticas antropogênicas em curso. Sua importância vem despontando nos últimos dez anos e deve crescer ainda mais nos próximos vinte. Uma pesquisa publicada em dezembro de 2016 na Geophysical Reseach Letters revisa para cima o impacto das emissões antropogênicas de metano sobre o sistema climático, em relação aos valores adotados pelo IPCC (1). Segundo seus autores, considerado o período 1750-2011, a forçante radiativa do metano (sua capacidade de absorver e reter na atmosfera a radiação infravermelha reemetida pela Terra, impedindo que o calor se disperse no espaço) “é cerca de 25% mais alta (aumento de 0,48 W/m2 para 0,61 W/m2) que o valor adotado pela avaliação de 2013 do IPCC” (2).