O tratamento da fratura do colo do fêmur em idosos
Redação
No tratamento de fraturas não desviadas, indica-se a osteossíntese, que envolve a fixação cirúrgica com implantes extramedulares (parafusos ou placas). Nas fraturas desviadas, a artroplastia (total ou parcial) é recomendada, dependendo da capacidade funcional e cognitiva do paciente.

O tratamento da fratura do colo do fêmur em idosos envolve várias diretrizes e recomendações, que incluem: a cirurgia que deve ser realizada o mais rápido possível, preferencialmente dentro de 48 horas após a fratura, para aliviar a dor, acelerar a reabilitação e reduzir complicações. A evidência sugere que a cirurgia realizada em até 48 horas está associada a melhores resultados.
No tratamento de fraturas não desviadas, indica-se a osteossíntese, que envolve a fixação cirúrgica com implantes extramedulares (parafusos ou placas). Nas fraturas desviadas, a artroplastia (total ou parcial) é recomendada, dependendo da capacidade funcional e cognitiva do paciente. A artroplastia total é indicada para pacientes com boa capacidade cognitiva e demanda funcional comunitária, enquanto a hemiartroplastia é indicada para aqueles com capacidade funcional reduzida.
A analgesia deve ser iniciada com analgésicos simples (como paracetamol ou dipirona) e, se necessário, complementada com bloqueio de nervo regional para controle da dor. O acompanhamento pós-cirúrgico é essencial para monitorar a evolução da consolidação da fratura e a presença de complicações, como necrose avascular.
A fisioterapia deve ser iniciada precocemente, dentro de 48 horas após a cirurgia, para melhorar a mobilização e a independência do paciente. A profilaxia com heparina de baixo peso molecular é recomendada para prevenir trombose venosa profunda.
Essas diretrizes são fundamentadas em evidências científicas que demonstram a eficácia do tratamento cirúrgico em comparação com abordagens não operatórias, especialmente em termos de controle da dor e melhoria da qualidade de vida. O MS-PCDT: Fratura do Colo do Fêmur em Idosos - Tratamento - Diretrizes Brasileiras de 2025 avalia que as ocorrências de quedas constituem um agravo importante nos idosos e as fraturas, em particular as de fêmur (de colo ou outras partes), podem levar a vários tipos de complicações, inclusive à morte.
No mesmo estudo, foram identificadas limitações das atividades e o conjunto artrite/reumatismo/artrose, como principais responsáveis por esse quadro. Desses idosos, 62,6% informaram ter algum tipo de limitação, sendo 22,1% muito limitados e 40,5% com pouca limitação.
No estudo de Siqueira et al 3, foram entrevistados 6.616 idosos, moradores em áreas urbanas de 100 municípios de 23 estados brasileiros, sendo verificada a prevalência de quedas de 27,6% e 11% dos idosos entrevistados relataram fratura decorrente da queda. O Centro de Estudos do Envelhecimento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizou um estudo de coorte para avaliar os fatores associados a quedas e suas recorrências em uma população de idosos da comunidade.
Dos 1.415 idosos avaliados, 32,7% referiram ter sofrido queda em, pelo menos, um dos inquéritos e 13,9% disseram ter sofrido quedas tanto no primeiro quanto no segundo inquérito. No Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), do Ministério da Saúde, no ano de 2015 foram realizadas 281 cirurgias para tratamento de fraturas de idosos.
Dessas cirurgias, 3,91% foram de alta complexidade e 96,09% foram de média complexidade, sendo que 40 (14,23%) foram fraturas do colo do fêmur (12 artroplastia do quadril e 28 osteossíntese do colo do fêmur). As fraturas proximais do fêmur são a principal causa de morte relacionada a quedas nos idosos, responsáveis por cerca de 340.000 internações/ano nos Estados Unidos, a um custo aproximado de três bilhões de dólares.
Atingem, com maior frequência, a população de idosos, sendo 95% acima de 60 anos e do sexo feminino (75%). Tais fraturas têm como principal causa a fragilidade óssea devido à desmineralização ou processos tumorais. Em virtude da frequente ocorrência de doenças associadas nesses pacientes, a taxa de mortalidade nos primeiros 30 dias atinge de 5% a 10%, chegando a 15% a 30% no primeiro ano.
Nos Estados Unidos (EUA), a frequência dos procedimentos de artroplastia total do quadril (ATQ), seja primaria ou secundária, a fratura de fêmur, sofre aumento significativo, alcançando o número de 322 000 intervenções por ano.
Essas diretrizes têm como finalidade traçar recomendações para o tratamento de adultos, com 60 anos ou mais, que apresentem fratura do colo do fêmur com trauma de baixo impacto (baixa energia). Os capítulos relacionados à fratura do colo de fêmur do idoso por baixo impacto são abordados no período do pré-operatório, tratamento e acompanhamento pós- cirúrgico.