O homem da pirâmide
Redação
Frente à acusação de desfigurar um monumento histórico, não foram os argumentos de Pei que possibilitaram a inauguração em 1989 da nova entrada do Louvre. Não fosse a teimosia imperial de Mitterrand, Paris estaria privada de um de seus maiores ícones turísticos. A pirâmide de Pei foi tão achacada quanto a torre de Gustave Eiffel, no século 19, condenadas por preservacionistas e intelectuais.
Hugo Segawa -
É provável que muita gente, em qualquer parte do mundo, tenha visto uma imagem da pirâmide do Louvre. Mas certamente poucos saberão do vínculo desse ícone parisiense com o arquiteto sino-americano Ieoh Ming Pei. Festejado com seu prenome abreviado, I. M. Pei agora compareceu na grande mídia internacional com a notícia de seu falecimento em 16 de maio passado, aos 102 anos, em Nova York.
As chamadas na imprensa quase inevitavelmente o relacionavam ao Louvre. Os noticiários norte-americanos o intitulam famoso arquiteto; com mais amplitude, foi identificado como venerado arquiteto por trás de museus icônicos, ou mestre cujos edifícios assombraram o mundo. Julgo que a mais significativa chamada foi: Aos 102, o arquiteto visionário I. M. Pei conheceu controvérsia – e vingança.
Conta-se que foi uma decisão soberana de François Mitterrand convidar I. M. Pei para intervir no Museu do Louvre, impressionado que estava o presidente francês com o anexo da National Gallery of Art de Washington. Quando Pei apresentou sua proposta, na qual a pirâmide era apenas uma parte da reorganização espacial ...