A estratégia de enfrentamento da hanseníase
Redação
O diagnóstico precoce e o tratamento oportuno da hanseníase são dificultados pelo estigma e discriminação associados ao medo e à falta de conhecimento sobre a doença, além da qualificação inadequada de grande parte dos profissionais de saúde. O estigma e a discriminação geram sofrimento e podem afetar os relacionamentos sociais, o bem-estar mental, a condição socioeconômica e a qualidade de vida da pessoa doente.

As estratégias de enfrentamento da hanseníase são fundamentais para o controle e a prevenção da doença, que ainda é um desafio significativo em saúde pública, especialmente em países como o Brasil. A hanseníase, causada pelo Mycobacterium leprae, é uma doença infecciosa crônica que pode levar a incapacidades físicas permanentes se não tratada adequadamente.
A detecção precoce de casos é crucial para evitar a progressão da doença e suas complicações. A realização de atividades de educação em saúde e busca ativa de casos são essenciais, especialmente em áreas endêmicas.
O poliquimioterapia (PQT) é o tratamento padrão recomendado pela OMS, que combina rifampicina, dapsona e clofazimina. Este esquema é eficaz na cura da infecção e na redução da transmissão.
A atenção primária à saúde deve ser o primeiro ponto de contato para os pacientes, garantindo acesso a serviços de saúde e promovendo a integralidade do cuidado. É considerada custo-efetiva e capaz de atender a maioria das necessidades de saúde da população.
A educação da população sobre a hanseníase e a redução do estigma associado à doença são fundamentais. Isso inclui a capacitação de profissionais de saúde para que possam abordar a doença de forma sensível e informativa.
O suporte psicossocial é essencial para ajudar os pacientes a lidarem com o estigma e a discriminação. Isso pode incluir aconselhamento individual, grupal ou familiar.
A reabilitação física deve ser planejada de acordo com as necessidades individuais, visando melhorar a qualidade de vida e a autonomia dos pacientes. Isso pode incluir fisioterapia e intervenções cirúrgicas quando necessário.
O monitoramento contínuo dos pacientes durante e após o tratamento é crucial para detectar possíveis reações adversas e garantir a adesão ao tratamento. Todos os contatos domiciliares de casos confirmados devem ser avaliados clinicamente para detectar novos casos precocemente.
A integração de políticas de saúde, educação e assistência social é necessária para abordar os determinantes sociais da saúde que contribuem para a prevalência da hanseníase. Essas estratégias são parte de um esforço mais amplo para garantir que os pacientes recebam o tratamento necessário e que a transmissão da hanseníase seja controlada, contribuindo para a eliminação da doença como problema de saúde pública.
O MS-PCDT: Hanseníase define que a hanseníase é uma doença infecciosa de evolução crônica que, embora curável, ainda permanece endêmica em várias regiões do mundo, principalmente na Índia, no Brasil e na Indonésia. Está associada à pobreza e ao acesso precário a moradia, alimentação, cuidados de saúde e educação.
No Brasil, ainda é considerada um importante desafio em saúde pública. Tida como uma das doenças mais antigas da humanidade, sugere-se que a hanseníase teve origem como uma doença humana na África Ocidental há cerca de 100.000 anos, espalhando-se pelo mundo por meio de pessoas que migravam em rotas comerciais, e também por meio do colonialismo.
É causada pelo Mycobacterium leprae (M. leprae), um bacilo álcool-ácido resistente, de multiplicação lenta e não cultivável in vitro, apesar das inúmeras tentativas realizadas desde a sua descoberta até o momento atual. Esse fato dificulta o desenvolvimento de estudos que possam ampliar o conhecimento científico sobre a composição, o metabolismo e a genética do bacilo.
Embora uma segunda espécie de micobactéria tenha sido mais recentemente reconhecida como agente etiológico da hanseníase, o Mycobacterium lepromatosis, os estudos ainda são escassos com relação à possível variabilidade clínica e à distribuição geográfica desse patógeno, sendo necessárias investigações adicionais que tragam informações sobre a sua real proporção entre os casos de hanseníase no Brasil. Desse modo, o presente documento designará apenas o M. leprae sempre que se referir ao agente causador da hanseníase.
Alternativamente, será usado o termo Bacilo de Hansen. A principal fonte de infecção pelo bacilo são indivíduos acometidos pela hanseníase não tratados e com alta carga bacilar, que eliminam o M. leprae pelas vias aéreas superiores.
Acredita-se que essa também seja a porta de entrada do bacilo no organismo, e que a via hematogênica seja o seu principal mecanismo de disseminação para a pele, mucosas, nervos e outros tecidos. A transmissão ocorre pelo contato direto pessoa a pessoa, e é facilitada pelo convívio de doentes não tratados com indivíduos susceptíveis. Não se conhece precisamente o período de incubação da doença, mas se estima que dure em média cinco anos, havendo relatos de casos em que os sintomas apareceram após um ano do contato suspeito, e outros em que a incubação demorou até 20 anos ou mais.