As diretrizes terapêuticas da vasculite
Redação
As vasculites associadas aos anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA) representam um grupo de doenças sistêmicas caracterizadas por inflamação vascular e necrose que afetam primariamente vasos de pequeno calibre, frequentemente sem deposição significativa de imunocomplexos nas paredes dos vasos.

As diretrizes terapêuticas para vasculite, especialmente as associadas aos anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA), são fundamentais para o manejo adequado dessa condição. O protocolo clínico e diretrizes terapêuticas, aprovado pelo Ministério da Saúde do Brasil, estabelece critérios de diagnóstico, tratamento e acompanhamento para pacientes com vasculite ANCA-associada, como a granulomatose de Wegener (GPA) e a poliangeíte microscópica (MPA).
Deve-se fazer avaliações regulares da eficácia do tratamento e monitoramento de eventos adversos, além de exames laboratoriais periódicos para avaliar a atividade da doença e a toxicidade dos medicamentos.
O atendimento deve ser realizado por uma equipe multiprofissional, permitindo a elaboração de um projeto terapêutico singular (PTS). É essencial informar os pacientes sobre os riscos e benefícios dos tratamentos, garantindo que compreendam as implicações do uso de medicamentos.
As diretrizes são baseadas em evidências e visam otimizar o tratamento e o prognóstico dos pacientes com vasculite ANCA-associada. A implementação dessas diretrizes deve ser acompanhada de perto para garantir a eficácia e a segurança do tratamento.
O MS-PCDT: Vasculite garante que estes distúrbios vasculares têm origens multifacetadas, que compõem predisposição genética e exposição a fatores ambientais, envolvendo geralmente processo inflamatório imunomediado que envolve o interstício extravascular e pequenos vasos sanguíneos, conduzindo a disfunção de órgãos e sistemas servidos pelos vasos comprometido. Geralmente, as vasculites ANCA-associadas se manifestam entre os 50 e 70 anos de idade e observa-se que a MPA pode surgir em uma faixa etária um pouco mais elevada que a GPA.
As informações de casos na América Latina refletem uma tendência de início similar à documentada em outros países. A vasculite ANCA-associada não apresenta uma prevalência notória por sexo, mantendo uma relação aproximada de um para um entre homens e mulheres.
Entretanto, estudos latino-americanos indicam uma sutil preponderância feminina, principalmente entre pacientes com MPA. Há carência na literatura de investigações epidemiológicas detalhadas sobre a vasculite ANCA-associada em países em desenvolvimento, especificamente no contexto brasileiro.
Até o presente momento, não há estudos abrangentes que mapeiem a incidência e prevalência desta condição no Brasil. Na América Latina, estudos realizados no Peru e na Argentina forneceram dados sobre a incidência de vasculites sistêmicas primárias, incluindo a vasculite ANCA-associada.
No Peru, a incidência de vasculite foi de 5,16 por milhão, com a maior incidência para a MPA. As mulheres e indivíduos acima de 50 anos apresentaram incidências mais altas. Na Argentina, as incidências e prevalências de MPA e GPA foram de 14 e 9 por milhão, e 5,2 e 7,4 por cem mil, respectivamente, com maiores taxas entre mulheres e pessoas na sétima década de vida.
Estes dados foram coletados de prontuários médicos de centros de referência e hospitais. Além disso, do ponto de vista epidemiológico, observa-se heterogeneidade geográfica considerável nas taxas de incidência internacional para as vasculites ANCA-associadas, com números variando de 13,07 a 18,3 por milhão na Espanha, 19,8 por milhão no Reino Unido, 13,7 por milhão na Austrália e até 20,9 por milhão na Suécia.
As estimativas de prevalência, embora escassas, sugerem uma faixa entre 200 e 400 casos por milhão de habitantes. Esses dados, extraídos de prontuários médicos de instituições hospitalares de referência internacional, sublinham a urgência de investigações mais detalhadas.
Tais estudos são cruciais para elucidar a carga da vasculite ANCA-associada e para estruturar políticas de saúde pública que respondam às necessidades específicas de cada região. Na conduta terapêutica primária dos pacientes com vasculite ANCA-associada, sobretudo nos estágios iniciais da GPA e da MPA, é imprescindível a determinação precisa da abrangência patológica, ou seja, da extensão de acometimentos de órgãos e sistemas pela vasculite.