Mesmo na tormenta, navegar é preciso
Redação
Quando a crise ocorreu no setor marítimo, a dinâmica mudou rapidamente. A redução de custos passou a fazer parte do vocabulário das companhias e os navios antigos foram destinados para scrap (ferro velho). Vários contratos com os estaleiros foram prorrogados e/ou cancelados, postergando, ao máximo, toda nova capacidade que poderia entrar no mercado. E como esperado, os fretes atingiram níveis muito abaixo do custo operacional. Infelizmente, diversos armadores não aguentaram, como a coreana Hanjin, que deixou uma dor de cabeça enorme para os clientes com os seus contêineres abandonados ao redor do planeta.
Rafael Dantas –
Quando me perguntam se o frete vai cair ou aumentar, respondo que é importante entender a história de como chegamos até esse momento. Vou tentar resumir o que aconteceu nesses últimos 13 anos.
Para os que embarcaram recentemente nesse setor, saibam que a nossa indústria já foi muito glamurosa, se gastava muito dinheiro com festas sofisticadas, escritórios luxuosos nos pontos comerciais mais badalados do planeta, inúmeras viagens internacionais, com jantares nos melhores restaurantes do mundo. Havia, inclusive, um budget dedicado à área comercial para as ações de relacionamento com os clientes.
Era uma forma de aproximar os vendedores dos principais players - clientes e prospects. No entanto, este cenário mudou - e muito - a partir da crise americana, iniciada em 2008, que se tornou a maior crise existencial do shipping global, uma indústria que nunca teve a cultura de reduzir custos e precisou conviver com fretes em torno de US$ 50 na rota China/Santos.
Naquela época, um jornal de grande circulação chegou a fazer um comparativo entre o custo de um motoboy de Santos para São Paulo e o frete de...